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NOTA SOBRE O ASSASSINATO DE BRUNO E DOM

Por justiça para Bruno e Dom
Em defesa da Amazônia e suas gentes
Punição para os crimes contra a vida humana e a natureza

O Núcleo de Estudos Amazônicos, do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares, da Universidade de Brasília (NEAz/CEAM/UnB) vem se somar à indignação de diversos movimentos sociais, organizações e instituições brasileiras e internacionais relacionada aos brutais assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dominic Mark Phillips, no Vale do Javari, estado do Amazonas.

Não é de hoje que a Amazônia é palco das mais perversas violências contra seus povos e comunidades tradicionais, mas nada supera os últimos anos. Neste período foram realizados vários ataques às instituições, às políticas e aos órgãos de proteção da natureza, dos bens comuns e da vida. Testemunhamos os órgãos governamentais serem desmontados e destruídos. Tem sido assim com o Ministério do Meio Ambiente, com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e outros. Não devemos esquecer a indecorosa frase do ex-Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, em abril de 2020, que expressa a estratégia do governo atual: “Precisa ter um esforço nosso aqui, enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só se fala de COVID, e ir passando a boiada, e mudando todo o regramento (ambiental), e simplificando normas”.

Bruno e Dom foram vitimas dessa estratégia, do descaso e abandono da Amazônia pelo governo brasileiro, que fortalece e estimula o latifúndio, a grilagem de terras, os desmatamentos e as queimadas. Que favorece o crime organizado, o garimpo e o tráfico de drogas. Que incita a invasão de terras indígenas, de quilombos e de comunidades tradicionais. Que provoca as mais diversas formas de violência, estupra e mata.

Os assassinatos do indigenista brasileiro e do jornalista inglês fazem os olhares se voltarem para a violência que vem ocorrendo no país, principalmente na Amazônia. Desde 1985 a Comissão Pastoral da Terra (CPT) expõe as várias formas de conflitos e violências no campo, nas florestas e nas águas, através de um relatório anual. O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) elabora, desde 1996, o relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil. Esse relatório, de 2020, denuncia o brutal aumento da invasão de terras indígenas, dos assassinatos e violações dos direitos dos povos originários. Os dados alarmantes da CPT, do CIMI e os assassinatos de Bruno e Dom nos deixam desassossegados sobre o destino daqueles povos originários de pouca relação com a sociedade nacional e que o atual governo brasileiro insiste em negar a sua existência.

Nos solidarizamos com os familiares de Bruno e Dom, e também com os povos originários do Vale do Javari e da Amazônia, com quilombolas, comunidades tradicionais e agricultores e agricultoras familiares. Nos colocamos ao lado dessas populações na defesa dos seus direitos, do acesso aos bens comuns e a uma vida digna. Estaremos atentos/as.

Por justiça para Bruno e Dom
Em defesa da Amazônia e suas gentes
Punição para os crimes contra a vida humana e a natureza

Brasília, 18 de junho de 2022