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PAULO FREIRE: NOSSA INSPIRAÇÃO
O NEAz não poderia deixa de relembrar esse “fenômeno” da educação em seu centenário. Afinal, Paulo Freire nos inspira nos processos educacionais, na formação, nas atividades cotidianas, na busca por transformações, no diálogo, na compreensão, na solidariedade e no amor.
Mas quem foi Paulo Freire? Pernambucano de Recife, nascido no dia 19 de setembro de 1921, é um dos pensadores mais importantes mundialmente. Patrono da educação brasileira possui mais de 40 títulos de em instituições de ensino em diversas partes do mundo.
Ficou conhecido por seu processo de alfabetização de adultos diferente da concepção de educação e pedagogias existentes até então. Com seu “método” revolucionou a educação. A partir do estudo da realidade das comunidades, eram geradas “palavras-chaves”, trabalhadas dialogicamente nas aulas, o que possibilitava análises da realidade que geravam processos de conscientização. As/Os educandos passavam de sua condição, geralmente de submissão e de explorados, a comprometidos com a transformação da sociedade.
A importância da proposta de Paulo Freire, fez com que fosse convidado, em 1963, para coordenar o Programa Nacional de Alfabetização, no governo do presidente João Goulart. A experiência em Angicos, cidade do Rio Grande do Norte, possibilitou, em 40 horas, a alfabetização transformadora de cerca de 80% dos/as matriculados/as.
Com o golpe militar de 1964 foi perseguido, preso e exilado, taxado de “subversivo” por sua proposta revolucionária de educação. Durante os quinze anos de exílio esteve em cinco continentes e em mais de uma dezena de países. No Chile escreveu, em 1968, o seu livro mais conhecido, Pedagogia do Oprimido. Paulo Freire escreveu quase quarenta livros como autor e coautor, que foram traduzidos em mais de quinze idiomas e disponibilizados em cerca de cem países.
Retorna ao Brasil apenas em 1980, com a Lei da Anistia e nos deixa em 1997, aos 75 anos. Seu legado é imprescindível para entender nossa estrutura social e as alternativas para um aprendizado libertador e progressista.

UM POUCO DE PAULO FREIRE


Está errada a educação que não reconhece na justa raiva, na raiva que protesta contra as injustiças, contra a deslealdade, contra o desamor, contra a exploração e a violência um papel altamente formador. O que a raiva não pode é, perdendo os limites que confirmam, perder-se em raivosidade que corre sempre o risco de se alongar em odiosidade (Pedagogia da Autonomia, Paz e Terra, 63ª ed., 2020, p. 41).

Educar e educar-se, na prática da liberdade, é tarefa daqueles que pouco sabem – por isto sabem que sabem algo e podem assim chegar a saber mais – em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para que estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que pouco sabem, possam igualmente saber mais (Extensão ou Comunicação. 7ª ed., Paz e Terra, 1983, p. 25).

A dialogicidade verdadeira, em que os sujeitos dialógicos aprendem e crescem na diferença, sobretudo, no respeito a ela, é a forma de estar sendo coerentemente exigida por seres que, inacabados, assumindo-se como tais, se tornam radicalmente éticos (Pedagogia da autonomia, 63ª ed., Paz e Terra, 2020, p. 60).

O diálogo é o encontro amoroso dos homens que, mediatizados pelo mundo, o “pronunciam”, isto é, o transformam, e, transformando-o, o humanizam para a humanização de todos (Extensão ou Comunicação. 7ª ed., Paz e Terra, 1983, p. 43).